A liderança efetiva funciona como um bom casamento

Por Denise de Moura - Foto: Microsoft - 17/02/2014

Wilson está casado com Liza há mais de cinco anos e continua acreditando que um diálogo efetivo resolve de fato muitos conflitos conjugais:

“- Liza e eu tivemos nossa primeira discussão com apenas um mês de casados. Como ela estava com muita raiva de mim, começou a arrumar as malas e avisou que ia para a casa da mãe. Eu não pensei duas vezes. Olhei bem em seus olhos e disse: - Vamos sentar e conversar!”

De acordo com Judith Glaser, autora do livro Conversational Intelligence (Inteligência da Conversação), em situações específicas como esta, o casal precisa aprender a fazer duas coisas: uma a lutar (enfrentar a situação, conversar) e a outra a fazer as pazes.

No mundo corporativo não é diferente. Uma liderança efetiva, por exemplo, funciona como um bom casamento: se um gestor enfrenta os problemas e conflitos de forma assertiva, acaba desenvolvendo uma forte relação de confiança e parceria com sua equipe.

Porém, a resolução de conflitos requer uma grande dose de força emocional e mental e essa é uma das razões pelas quais muitos líderes evitem enfrenta-la.

Para Judith Glaser, quando um líder deixa de se envolver em um conflito, ele não consegue reunir as informações de que precisa para encontrar uma solução viável e acaba enfraquecendo a sua imagem como gestor.

Vamos ver algumas situações de falta de enfrentamento de conflitos por parte dos líderes e formas para resolver a questão.

1) Lucas, Supervisor de uma empresa de TI, tem dificuldades de receber feedbacks e, portanto, os ignora;

Se você é líder e tem recebido alguns feedbacks sobre um determinado comportamento que precisa melhorar, comece a dar atenção a eles. Ignorá-los pode piorar a situação, e o nível de confiança da equipe com relação à sua liderança só vai diminuir.

Primeiramente, consulte um amigo. Discutir o problema com alguém neutro vai fazer com que esse problema pareça menor do que ele é. Pergunte a percepção dele com relação a esses feedbacks que tem recebido. Caso você perceba que precise, de fato, aprimorar algumas atitudes, parta para a segunda parte da resolução: entrar em ação. Busque apoio da área de recursos humanos da sua empresa ou de um Coach que possa ajudá-lo em seu aprimoramento. Enfrentar essa questão específica lhe trará resultados bastante positivos no futuro. Líderes que buscam continuamente o seu aprimoramento pessoal são muito mais bem vistos em relação aos que não dão atenção aos feedbacks.

2) André, gerente de suprimentos de uma empresa de varejo, tem grandes dificuldades de tomar partido sobre as opiniões divergentes que ocorrem em sua equipe. Ele prefere não dar a última palavra para não se indispor com as pessoas e acaba deixando todo o grupo confuso sobre qual caminho seguir.

Divergência de opinião na equipe é algo que um líder sempre precisará enfrentar. Ficar em cima do muro para não se indispor não resolverá o problema.

Esclareça o conflito, procurando escutar cada lado. Use termos do tipo: “você está sugerindo que devemos seguir por esse caminho. É isso mesmo?” ou “Parece que outro grupo não concorda com essa opinião”. “Vamos estudar as duas sugestões e chegar a um consenso do que é bom para todo o grupo, pode ser?”. E, no final da discussão, é o líder quem deve tomar uma decisão sobre a melhor solução.

3) Rogério, gerente de RH de uma empresa de seguros, diz que não consegue priorizar as tarefas que recebe dos seus superiores e clientes internos. Por achar que todas as demandas são importantes, e por não saber negociar prazos, ele acaba estressando toda a sua equipe com atividades sempre “urgentes”.

Líderes precisam ter habilidades para reformular, reorientar e redirecionar uma conversa ou uma demanda. Precisam ser negociadores. É melhor mostrar firmeza e reformular uma demanda, do que se comprometer dizendo sempre “nós podemos fazer” e no final deixar os clientes insatisfeitos e a equipe estressada.

Ao receber uma demanda do seu superior com aquele famoso título de “urgente”, o líder precisa, em primeiro lugar, compreendê-la. Fazer perguntas do tipo “os resultados que você espera com esse projeto são esses que eu entendi?” e, assim, esclarecer dúvidas que possam ter surgido durante a conversa. Posteriormente, ele precisará negociar prazos e priorizar as demandas com a sua equipe, equilibrando datas de entrega e evitando sobrecarregar todo o grupo.

Da próxima vez que se deparar com uma adversidade, enfrente-a, refletindo, conversando e negociando. Você perceberá que algumas questões acabam se tornando um problema muito maior, justamente porque não as enfrentamos como deveríamos. Boa sorte!

A pesquisa da autora Judith Glaser sobre o assunto pode ser acessada no link: http://blogs.hbr.org/2014/02/tackle-conflicts-with-conversation/