Converta ruminações em formas produtivas de pensamento
O psicólogo americano Guy Winch, doutor em psicologia clínica pela Universidade de Nova York, afirma que problemas para dormir, mudanças de humor, problemas de relacionamento com família e amigos e até mesmo doenças no coração podem ser catalisados pela “ruminação” que as pessoas costumam fazer quando chegam a casa após um dia longo de trabalho.
Para Winch, esta ruminação é prejudicial, pois ocupa a mente com preocupações quando as pessoas querem descansar. A ruminação pode vir quando menos se espera: 30 minutos antes de dormir, voltando do trabalho, durante o jantar e até mesmo assistindo televisão. São pensamentos sobre tarefas que não foram finalizadas, muito trabalho a ser feito no dia seguinte, problemas pessoais com colegas, ansiedade pelo futuro ou decisões tomadas que agora parecem equivocadas.
O psicólogo alerta haver diferenças entre ruminação e falar sobre o trabalho no momento do lazer. Por exemplo, chegar a casa e conversar com a família sobre uma ideia criativa que teve para melhorar algum processo específico na empresa ou buscar soluções para um problema que precisa resolver no dia seguinte não é ruminação, porque esse tipo de pensamento não provoca sofrimento emocional e a pessoa decide quando pensar sobre isso.
Já a ruminação é involuntária e pode até mesmo destruir o amor que um profissional tem pelo seu trabalho. Como a pessoa não consegue sair daquele sofrimento involuntário, começa a achar que não está no lugar certo, que não é bom o suficiente ou que a empresa é ruim e assim por diante, iniciando um processo de autossabotagem.
Uma possível solução seria pensar em outra coisa quando a ruminação aparecer, mas este processo não é tão fácil como parece. Será necessário fazer uma mudança no modelo mental.
O psicólogo sugere converter as ruminações em formas produtivas de pensamento. Alguns exemplos:
Troque “tenho muito trabalho para fazer” por “amanhã chegarei um pouco mais cedo à empresa para finalizar as pendências” ou ainda faça uma lista de coisas que você precisará terminar na primeira hora e verifique porque alguns processos têm se tornado urgentes. É possível planejar ou se antecipar a algumas questões?
Modifique o pensamento “não suporto mais trabalhar com aquele colega” por “como ter um relacionamento profissional com o meu parceiro de trabalho?” “Qual abordagem posso usar para resolver esta situação específica”?
Substitua “sinto-me culpado por aquela decisão” por “fiz o certo? Da forma correta? Fui honesto com as pessoas?” Caso positivo, entenda que precisaremos tomar decisões difíceis em nossa vida todo o tempo. Faz parte da nossa evolução. Se, por outro lado, você está certo de que havia outra solução melhor daquela que você sugeriu, pense se é possível reverter tal decisão e o que você pode aprender para as próximas situações. Sentimento de culpa tem duas vertentes: “não deveria ter feito isso” ou “o que posso crescer com o que aconteceu”.
E, se durante este processo de análise, você perceber que precisa se desculpar por um erro cometido, peça desculpas e continue a sua caminhada.
Converter ruminações em resolução de problemas é a solução proposta por Winch. E ele ainda sugere, para as pessoas que trabalham em casa, ter um ritual diário de trocar de roupa quando o expediente acabar, isto ajuda a convencer a mente de que o trabalho finalizou.
Trocar de empresa ou de profissão não vai diminuir a ruminação. O que precisa ser modificado é a forma como se pensa sobre uma situação específica!
A palestra completa do psicólogo americano Guy Winch pode ser acessada no canal TED no Youtube ou no próprio site do Ted Talks com o título: How to turn off work thoughts during your free time.