Fazer o que gosta ou gostar do que faz?

Por Denise de Moura - 02/12/2012

Há poucos dias um amigo me fez a seguinte indagação: “trabalho com comprometimento, busco sempre me atualizar e sou reconhecido na empresa em que trabalho como “acima da média”. Entretanto, as atividades que realizo nunca foram a minha paixão. As coisas aconteceram e hoje, por ser referência em minha área de atuação, posso dizer que gosto realmente do que faço. Mas será que se eu tivesse seguido os meus sonhos, teria sido ainda mais feliz”?

Para minha surpresa, “dou de cara” com uma matéria na Revista Negócios deste mês que faz referência ao professor Cal Newport, da Universidade de Georgetown e autor do livro So Good They Can´t Ignore You (Tão bom que não poderão ignorá-lo). Ele diz que paixões certeiras– pessoas que desde criança sonham em se tornar médicos, por exemplo – são raras. Para o autor, na maioria das vezes nossos desejos são baseados em fantasias e oscilam demais. Podem ainda ser perigosos, pois causam ansiedade e faz com que troquemos de emprego constantemente.

Por esses motivos, Newport aconselha que as pessoas parem de ruminar sobre sua paixão e, em vez disso, desenvolva habilidades raras e valiosas, com estudo, disciplina e repetição. Para ele, são essas habilidades que permitirão definir os termos da carreira, dando controle e autonomia a um profissional e fazendo com que ele encontre sua paixão.

Refletindo sobre as palavras do professor Cal Newport, percebo que muitas pessoas estão insatisfeitas em seus empregos justamente porque não se comprometem como deveriam, pois ficam na expectativa de encontrar a sua grande paixão. O problema é que acabam não fazendo nenhuma das duas coisas bem feitas: não se dedicam onde estão e apenas sonham com o que poderiam estar fazendo. Umas chegam a dizer: “quando me aposentar, vou fazer o que eu realmente gosto”. E assim vão se acomodando nas empresas, realizando um trabalho mediano e vivendo uma vida mediana.

Na maioria das vezes, o comprometimento e a seriedade com nossas tarefas diárias acabam gerando resultados excelentes. O aperfeiçoamento contínuo faz com que nos tornemos ainda melhores. Adquirimos maturidade profissional, ajudamos as pessoas com os nossos conhecimentos, somos reconhecidos pela nossa excelência e, claro, encontramos a nossa paixão.

Foi isso que aconteceu com o meu amigo que menciono no início deste texto. Não sei se ele teria sido mais feliz ou mais bem-sucedido se seguisse os seus outros sonhos, entretanto, ele pode se orgulhar do que se tornou e, claro, se está feliz com o que está fazendo, isso é o mais importante.

Eu não olharia para trás. Toda decisão envolve escolhas e perdas. A questão principal é se empenhar realmente nos caminhos percorridos. É fazer com que determinada decisão tenha valido a pena.

Vamos então nos perguntar se realmente nos dedicamos ao nosso trabalho e às nossas atividades. Somos os melhores no que fazemos? Ajudamos as pessoas com os nossos conhecimentos? Contribuímos eficazmente com os resultados da nossa empresa?

Pode não ser possível fazer somente o que gostamos, mas é possível aprender a gostar do que fazemos.

Desta forma, identifique suas principais habilidades que podem fazer a diferença em sua empresa e em sua área de atuação e se torne o melhor nisso.

Como diz Newport: “o que importa não é achar o emprego certo, e sim descobrir como você pode ser muito bom em qualquer emprego”.